quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Conversas à mesa sobre o Tratado de Lisboa


A comissão de freguesia do PCP na Quinta do Conde decidiu iniciar um ciclo de debates sobre variados temas, promovendo a discussão de ideias entre os militantes e simpatizantes do Partido Comunista Português. O formato encontrado foi a realização de um jantar convívio após o qual se passava ao debate entre os convivas, numa espécie de tertúlia. A primeira iniciativa realizou-se no Centro de Trabalho do PCP na Quinta do Conde no mês de Fevereiro e contou com a presença do deputado europeu João Ferreira. Após uma bela massada de peixe servida ao jantar e na presença de dezenas de pessoas passou-se a palavra ao camarada João Ferreira para dar início à conversa tendo o tema escolhido sido o Tratado de Lisboa.
Um tratado que prejudica Portugal pois reduz a capacidade do nosso país defender os seus interesses. Portugal perdeu 2 deputados, um comissário permanente e perdeu o direito de veto. Enquanto no passado o nosso país podia vetar uma decisão que nos prejudicasse, com o tratado de Lisboa são precisos três países. Se tivermos em conta o facto de na última revisão constitucional PS e PSD terem aprovado uma alteração na constituição onde se diz que as leis europeias se sobrepõem as leis nacionais constatamos que a perda do direito de veto representa uma grande perda da soberania e independência nacional. (Mais Federalismo).
Mas este tratado representa também, mais desemprego e menos salário, mais precariedade e facilidade de despedir com a flexigurança, mais restrições no acesso aos serviços de saúde, educação e direitos na segurança social, mais encerramento de serviços públicos. (Mais Neoliberalismo).
Por fim este tratado impõe mais despesas militares para uma política de ingerência e intervenção em guerras como sucede no Afeganistão, … (Mais Militarismo)
Nesta agradável conversa pode-se concluir que este é um tratado que não vai resolver os problemas com que a União Europeia se confronta, antes pelo contrário, vai agravá-los. É um tratado contra o país, o povo português e os povos da Europa. Em benefício dos lucros dos grandes grupos económicos e da máquina de guerra americana.
Por isso o PCP reclama uma ruptura com estas políticas de direita e defende outro rumo para Portugal e a Europa. Onde o militarismo seja substituído pela procura de soluções diplomáticas para os conflitos. Onde as despesas militares sejam reduzidas para as aumentar no plano social e na criação de emprego. Uma União Europeia que respeite as vontades dos povos em vez de procurar impor a vontade de alguns países (Alemanha, Inglaterra, França, Itália) em prejuízo dos outros.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

assim escreve Mário crespo

Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta.Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.
Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha.Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos.
Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar.Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.
Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que País podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que País seremos se não o fizermos!!!


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